Um dos principais fatores que podem abalar a saúde mental é o estresse. Em publicação anterior, eu abordei os principais conceitos relativos a este estado, com suas respectivas formas de manifestação e sintomas.
Neste número,
trarei: 1) As principais fontes de estresse. Obs: Já que a possibilidade
de mudança começa no reconhecimento e identificação dos fatores que geraram o estresse negativo; 2) Algumas estratégias de
enfrentamento para reverter este processo.
Existem fontes
estressoras que podem abalar a saúde mental. Entre estas
existem as que estão sob o controle e outras que não dependem somente
do indivíduo. São elas:
Estresse
gerado por variáveis ligadas ao macro sistema.
Entre elas estão : Crise econômica e política do País, insegurança em
relação à instabilidade do emprego e violência.
Estresse ocupacional: Além da insegurança oriunda do
clima de instabilidade gerado pela crise, há também a existência de
outras demandas, como: alta solicitação no trabalho acarretado pelo
acúmulo de funções; fazer várias coisas ao mesmo tempo; aumento
de informações que acontecem em velocidade e ritmo cada vez maior;
desequilíbrio entre empenho e recompensa e finalmente, as relações
interpessoais negativas que em muitos casos são desencadeadas por
extrema competitividade, que nem sempre obedecem os padrões éticos de conduta
frente à prática profissional.
Estresse na vida pessoal e
nas relações significativas :
A espinha dorsal deste processo está embasada na forma que
o indivíduo percebe, sente, planeja e organiza
sua realidade. Fazem parte deste escopo: 1) O
sistema de crenças que determinam o seu pensamento, interferem nas emoções e moldam a sua forma de agir no meio que se está
inserido; 2) A alta cobrança de
performance em uma sociedade cada vez mais exigente ; 3) A adequação dos papéis dentro da estrutura
familiar, que em alguns casos paira a incerteza em relação à complexa
missão de suprir materialmente e emocionalmente os entes queridos, entre eles, os filhos. Obs: A angústia e em alguns casos a culpa de não conseguir estar presente em todos
os momentos também contribuem para o agravamento deste cenário.
O que fazer quando há interferência constante destas situações?
De acordo com Lipp (2003), os 4 pilares para gerenciar os efeitos do estresse negativo são:
1) Reestruturação cognitiva (revisão de crenças e pensamentos).
Método utilizado pela Terapia Cognitivo Comportamental que visa proporcionar ao indivíduo, recursos para que este possa avaliar seu sistema de Crenças. Através de ferramentas apropriadas, ele terá mais condição de identificar:
- As crenças Irracionais, que geralmente são limitantes, não encontram respaldo na realidade e podam o desenvolvimento, gerando o ciclo de mais sofrimento e estresse. A possibilidade de identificação deste tipo de crença, que é oriunda de pensamentos e percepções distorcidas, permite a possibilidade de revisão e transformação da situação desfavorável.
- As crenças racionais são adquiridas através da percepção objetiva da realidade. Tal condição permite a pessoa desenvolver estratégias que são pautadas em bases reais. Desta forma, a probabilidade de se obter melhores resultados são mais consistentes.
2) Atividade física
Segundo Sharkey (1998), a atividade física é uma
importante alternativa para o tratamento relativo à
depressão, devido ao seu baixo custo e por ser recurso eficaz para
prevenção de patologias de complexa gravidade. Tal condição pode
levar o indivíduo a desenvolver situações de estresse e
depressão. Ex: Doenças crônicas, com suas respectivas e
onerosas intervenções. Os estudos que relacionam a atividade física à
depressão têm verificado que indivíduos que praticam atividade física de forma
regular reduzem significantemente os sintomas depressivos.
3) Relaxamento
O relaxamento é uma técnica que visa desenvolver o equilíbrio entre a
mente e o corpo. Para que se tenha uma maior efetividade neste processo,
deve-se estar ciente de qual será a finalidade e para quem será administrado,
como por exemplo:
O
relaxamento muscular é recomendado para o estresse de natureza física.
Respeitando a natureza e limitações do indivíduo, alongamentos aliados ao
processo de respiração costumam ser ferramentas poderosas e utilizadas
para atingir resultados satisfatórios para esta necessidade.
O
relaxamento psicológico além de ser importante recurso para
promover ampliação de percepção em relação ao corpo, sensações
e sentimentos, também pode contribuir para o desenvolvimento da
criatividade, reflexão, avaliação dos próprios valores e das próprias
ideias. Para atingir o que se pretende, a técnica aliada ao processo de
respiração, instiga a sensibilização dos sentidos através de imagens,
sons, etc.
4) Boa alimentação:
Uma boa alimentação prepara o organismo para combater doenças, promover o
gerenciamento do estresse e desenvolvimento cognitivo.
Além
das bases citadas por Lipp, creio que seja importante trazer relevância de outras, como: desenvolver empatia (capacidade de se colocar no lugar do outro), a qualidade da comunicação,
planejamento de tempo e ações.
5) Empatia:
Creio que muitos problemas poderiam ser evitados, se houvesse uma disponibilidade do indivíduo em se colocar do outro. Como diz o velho ditado: "O que eu não quero para mim, eu não quero para os outros". Há razões para crer que a utilização deste recurso pode viabilizar uma melhora das relações sociais e qualidade da comunicação. Obs: Entretanto, deve-se ficar atento para não ocorrer a manifestação exacerbada da outra polaridade, em que a pessoa na ânsia de atender as necessidades dos outros, acaba deixando as suas próprias de lado. Tal postura não será saudável para nenhuma das partes, pois enquanto uma poderá se sentir sufocada com o passar do tempo, a outra por ficar acomodada, poderá restringir a oportunidade de experiências e provável amadurecimento.
5) Empatia:
Creio que muitos problemas poderiam ser evitados, se houvesse uma disponibilidade do indivíduo em se colocar do outro. Como diz o velho ditado: "O que eu não quero para mim, eu não quero para os outros". Há razões para crer que a utilização deste recurso pode viabilizar uma melhora das relações sociais e qualidade da comunicação. Obs: Entretanto, deve-se ficar atento para não ocorrer a manifestação exacerbada da outra polaridade, em que a pessoa na ânsia de atender as necessidades dos outros, acaba deixando as suas próprias de lado. Tal postura não será saudável para nenhuma das partes, pois enquanto uma poderá se sentir sufocada com o passar do tempo, a outra por ficar acomodada, poderá restringir a oportunidade de experiências e provável amadurecimento.
Segundo Gustavo Matos (2006), a falta de cultura do diálogo, de abertura a
conversação e a troca de ideias, opiniões, impressões e sentimentos, é, sem
dúvida alguma, o grande problema que prejudica o funcionamento de organizações
e países. Seja através da comunicação verbal ou não verbal, a
informação é indispensável para que as pessoas atinjam suas metas. É através da
informação que se pode detectar áreas problemáticas capazes de impedir o alcance de objetivos. É também, por meio dela que são avaliados desempenhos
individuais e/ou coletivos. E ainda, só através de informações torna-se
possível fazer ajustamentos necessários para que a eficiência de ações seja
alcançada. Sem diálogo não há comunicação nem solução possível para os
problemas sendo que a maioria dos erros, omissões, irritações, atrasos e
conflitos são causados por uma comunicação inadequada.
6)
Planejamento de tempo e ações:
Tenho observado que a falta de planejamento tem sido grande fonte geradora de
estresse para as pessoas, principalmente em época de crise. Controle de
finanças, de processos de trabalho e agenda permitem que o mesmo tenha
condições de criar estratégias preventivas que possam lhe evitar maiores
dores de cabeça em futuro próximo.
Apesar de ser aparentemente mais trabalhoso no início, o gerenciamento deste
processo não só contribui para o bem estar do indivíduo, mas também para o
aprimoramento de sua percepção que será de extrema valia nas atividades
produtivas e ações que envolvam a comunicação com as pessoas que fazem parte
deste cotidiano (capacidade de ouvir e se colocar no lugar do colega/parceiro).
A gestão de gerenciamento do estresse e qualidade de vida é um trabalho
sistêmico que integra várias dimensões (física, emocional, social e
espiritual). A visão e intervenção integradas deste processo possibilitam a
construção de ações preventivas que contribuem, não só para o gerenciamento do
estresse, mas também para a manutenção da saúde mental e bem estar do indivíduo. Creio que o investimento valerá a pena.
Shirleine Ap. Larubia Gimenes
Psicóloga -CRP 06/40017
LIPP, M.E O Tratamento
Psicológico do Stress in LIPP, M.E. Mecanismos Neuropsicológicos do
Stress. Teoria e Aplicações Clínicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
MATOS, G.G. A cultura
do diálogo: Uma estratégia de comunicação nas empresas. Editora
Campus/Elsevier, Rio de Janeiro, 2006
SHARKEY, B. J. Condicionamento
físico e saúde. 4ª edição. Porto Alegre: Artmed, 1998.